Uma variante do coronavírus surgida no Reino Unido e que causa maior preocupação foi identificada na região da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, da qual a cidade de Rio Grande faz parte. O Estado anunciou que mais amostras da região, o que inclui Rio Grande, serão sequenciadas para avaliar com profundidade a transmissão.

ENTENDA A SITUAÇÃO 

O estudo genômico das variantes do coronavírus que circulam no Rio Grande do Sul, publicado pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) nesta sexta-feira (16), detectou pela primeira vez, em Pelotas, a variante B.1.1.7., que surgiu no Reino Unido. A informação foi oficialmente confirmada hoje às 18h45 pelo governo gaúcho, apontando que se trata de uma amostra identificada com esta linhagem, coletada no dia 25 de fevereiro, em pessoa sem histórico de viagem. Investigação de contatos não mostrou relação com ninguém que tenha viajado. Um dos autores do estudo, o especialista em Saúde do Laboratório Central do Estado (Lacen), Richard Steiner Salvato, “mais amostras da região serão sequenciadas para compreendermos se este é um caso isolado ou trata-se de transmissão comunitária [quando já está ocorrendo transmissão entre pessoas no mesmo local]”.

Além do Rio Grande do Sul, essa linhagem foi detectada em outros 11 Estados brasileiros e no Distrito Federal. É uma das variantes que causam preocupação, apresentando alterações no comportamento do vírus, carregando mutações específicas.

ALTA TRANSMISSÃO 

Essa linhagem é conhecida pela maior transmissibilidade, assim como a P.1 (de Manaus), além de uma possível maior severidade da doença. As linhagens mais frequentes desde o início da pandemia no Estado foram as mesmas identificadas no restante do país: B.1.1.33, B.1.1.28, P.2 e P.1. Atualmente, a linhagem P.1 predomina sobre as demais. As amostras analisadas foram de indivíduos que moram em 139 diferentes municípios do Rio Grande do Sul, de ambos os sexos e faixas etárias variadas. O sequenciamento genético é realizado por diversos laboratórios, como Lacen/RS, Fiocruz/RJ, Funed/MG, Universidade Feevale e outros.

Nesta última edição do documento sob a responsabilidade da autoridade estadual em Saúde, foram incluídas amostras coletadas entre 9 de março de 2020 e 19 de março de 2021. Essa é quinta edição do boletim, de um estudo realizado desde fevereiro, contendo amostras coletadas desde o ano passado. No histórico, houve detecção de 22 variantes diferentes em circulação no Estado.

“A manutenção da vigilância genômica e a expansão, no futuro, para outras condições virais é um avanço e permite que entendamos o comportamento e a progressão das pandemias, permitindo, cada vez mais, que se possa fazer intervenções e trabalhar preventivamente, tomando cuidados efetivos para evitar mortes”, disse a diretora do Cevs, Cynthia Molina Bastos. Além de Pelotas e Rio Grande, fazem parte da 3ª Coordenadoria de Saúde os municípios de Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Arroio Grande, Canguçu, Capão do Leão, Cerrito, Chuí, Cristal, Herval, Jaguarão, Morro Redondo, Pedras Altas, Pedro Osório, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Santana da Boa Vista, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Turuçu.

(Imagem: Nature/istock)