Em clima tenso, de total descontentamento e com semblantes fechados, os médicos do Hospital Santa Casa de Rio Grande realizaram na noite desta terça-feira (25) uma assembleia geral. Foi o momento de colocarem as cartas na mesa diretamente ao chefe geral do hospital, Renato Menezes da Silveira, que acumula a presidência da entidade e uma função remunerada de ‘gestor’. O Site Edson Costa Repórter acompanhou à distância as ações da assembleia virtual, um encontro marcado pela cobrança de respeito à categoria que está há vários meses com seus honorários em atraso.

SITUAÇÃO JÁ SE DESENHAVA

O Corpo Clínico da Santa Casa convocou a assembleia diante dos atrasos e nenhuma perspectiva de pagamento dos valores em aberto. Assim, decidiu por maioria algo inédito na história de quase 200 anos do hospital. Individualmente, cada profissional fará, por meio do Sindicato Médico, a notificação da rescisão do contrato de prestação de serviços. Nesta quarta-feira (26) a presidência do hospital será notificada sobre o procedimento de rescisão, que será concluída em 30 dias. A Santa Casa deverá realizar o pagamento de 50% do valor devido em 15 dias e o saldo em 30 dias, após receber notificação oficial. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) teve representante participando da assembleia. O Simers informou ao Site Edson Costa Repórter, que os profissionais deverão deixar a Santa Casa em 30 dias. A decisão não é compulsória. Cada médico deverá fazer isso junto ao Departamento Jurídico do Simers, que encaminhará a notificação à cúpula diretiva do hospital. Em suma, revela o sindicato, a Santa Casa tem 30 dias para quitar tudo, e se isso acontecer, os médicos poderão rever a decisão. “A decisão é sempre individual do profissional. Ele é soberano em sua escolha”. O detalhamento da decisão será feito pelo Simers na manhã desta quarta-feira.

Desde o final de dezembro de 2024, o Simers já admitia que os médicos cogitavam encerrar seus contratos com a Santa Casa diante do impasse, o que foi divulgado pelo Site Edson Costa Repórter. A dívida de R$ 13 milhões afeta cerca de 80 médicos contratados como Pessoa Jurídica (PJ), segundo o Simers. Os médicos já ficaram cinco meses sem receber, irregularidade que vem ocorrendo há bastante tempo, mas agora a situação ficou insustentável. Em novembro passado, os médicos chegaram a alegar publicamente que não existe um canal de comunicação claro e transparente de parte da direção da Santa Casa. Um recurso de R$ 14 milhões que o presidente Renato da Silveira pretendia ver repassado ao hospital para pagar os médicos é proveniente do Fundo de Reconstituição de Bens Lesados, da empresa Portos RS e depende do Ministério Público Federal autorizar. A presidência do hospital não se manifestou sobre a decisão tomada pelos médicos em assembleia.

(Foto: Site Edson Costa Repórter)