As inúmeras denúncias formuladas nas plataformas do Site Edson Costa Repórter e em outros canais de expressão contra o péssimo sistema de atendimento localizado no Hospital Santa Casa durante a pandemia, levaram o Ministério Público Estadual a se manifestar.

ENTENDA MELHOR SOBRE O CAOS

O Ministério Público não teve outra forma de desaguar as denúncias senão requerer à Secretaria Estadual da Saúde uma auditoria na Ala destinada a pacientes com Covid-19 do Hospital Santa Casa de Rio Grande (Enfermaria e Pronto-socorro). “O objetivo foi verificar se o atendimento estava sendo executado em conformidade com os padrões regulamentares, identificar falhas, irregularidades e possibilidades de melhorias”. Foi o que falou a promotora de Justiça Camile Balzano de Mattos. Ela recebeu diversas reclamações da sociedade sobre problemas no atendimento na Santa Casa. A promotora teve acesso à série de denúncias, como a do pastor evangélico Cristiano Silva da Silva, feita ao Site Edson Costa Repórter no dia 23 de julho, quando contou as agruras que se padrasto passou antes de morrer com Covid-19 na Santa Casa.

Diante do quadro encontrado e seguindo recomendação do médico intensivista Edgard Vernetti Ferreira, auditor da 3ª Coordenadoria Regional da Secretaria da Saúde/RS, que realizou a inspeção, a autoridade estadual da área oficiou a cúpula da Santa Casa. O secretário da Saúde de Rio Grande, Maicon de Barros Lemos, também foi oficiado pelo órgão maior do RS. A determinação da autoridade estadual foi para que “não sejam realizadas novas internações de pacientes clínicos na Ala da Enfermaria Covid-19 do hospital, até que sejam providenciadas as adequações para o devido atendimento”. Novos pacientes que chegarem ao local de atendimento deverão ser cadastrados visando o encaminhamento para outros leitos da região. Os que se encontram internados também deverão entrar na lista Sistema de Gerenciamento de Internações (Gerint) para que sejam imediatamente transferidos.

O RELATÓRIO

O relatório da autoridade estadual em Saúde concluiu que “a qualidade da assistência aos pacientes portadores de infecção pelo coronavírus na Santa Casa de Rio Grande está comprometida e não há proteção adequada para os profissionais envolvidos no atendimento a esses pacientes”. Devido aos problemas encontrados, o governo estadual, através da Secretaria da Saúde gaúcha vai fiscalizar o cumprimento das ordens que visam adequar a Santa Casa para um atendimento digno e cientificamente correto aos pacientes de Covid-19. O Ministério Público, que através da promotora agiu com rigor, acompanhará todas as providências.

INACEITÁVEL

As irregularidades encontradas na Santa Casa e que vinham sendo denunciadas através das plataformas lideradas no Site Edson Costa Repórter há muito tempo são vastas. Dentre elas, foi constatada a falta de Equipamentos Individuais de Proteção (EPIs) aos funcionários, além de o hospital não fornecer lençóis, cobertores ou camisolas à maioria dos pacientes. As equipes de trabalho não recebiam o que deveriam usar como proteção para si e para salvaguarda dos pacientes. Ficou constatado também que as equipes de trabalho estão em quantidade insuficiente para o atendimento da demanda durante uma pandemia. Foi visto que não há profissionais médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas em número sequer razoável para tanto serviço.

Quanto ao Pronto-socorro, o espaço destinado ao atendimento dos pacientes com Covid-19 conta com ampla comunicação com as áreas da emergência, “sem qualquer isolamento, além de não haver paramentação adequada para uso das equipes”. A cúpula do Hospital e a Secretaria Municipal de Saúde de Rio Grande ainda não se manifestaram a respeito.

ATUALIZAÇÃO

Próximo de 16 horas e diante da enorme repercussão do caso, a Secretaria da Saúde da Prefeitura de Rio Grande resolveu anunciar no que chamou de “nota pública” ter recebido um ofício da coordenadoria da área, sediada em Pelotas, “autorizando a continuidade e o funcionamento da Ala Covid da Santa Casa”. Continuou a nota, de curto teor, apontando que tal autorização aconteceu “visto o atendimento realizado nas últimas horas das exigências técnicas levantadas pela Auditoria Médica Estadual”. O Ministério Público, até a emissão da nota da Prefeitura, não estava certo do acatamento de todas as determinações.


(Foto: Site Edson Costa Repórter)