Pela primeira vez desde o início da vacinação contra a Covid-19, uma autoridade em Saúde reconhece a necessidade de “corrigir eventuais distorções na distribuição de doses aos municípios”. Rio Grande é uma das cidades que tem gestionado o aumento do número de doses da vacina distribuída através do governo estadual. A administração municipal, em várias oportunidades, pleiteou um número maior de imunizantes. 

ENTENDA O QUE ESTÁ HAVENDO 

A destinação das 303.540 doses de vacina contra a Covid-19 recebidas pelo Rio Grande do Sul no sábado (31/7) foi pactuada em reunião da Comissão Intergestores Bipartite– CIB nesta segunda-feira (2). No encontro, gestores estaduais e o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems/RS) trataram da distribuição de 166.140 doses da fabricante Pfizer e 137.400 CoronaVac. 

Do lote da Pfizer, uma parcela será destinada para a primeira dose e ampliação da vacinação por faixa-etária e outra, distribuída para segunda aplicação de quem já recebeu a primeira no período ideal. Da CoronaVac, uma proporção maior será entregue aos municípios que, de acordo com um estudo da Secretaria Estadual da Saúde, receberam menos vacinas em comparação aos outros ou vacinaram mais pessoas não residentes. A entrega dos imunizantes para as 18 Coordenadorias Regionais de Saúde ocorrerá nesta terça-feira (3), cobrindo cerca de 35% do previsto para realizar os ajustes apontados. Depois que a equipe técnica da Secretaria Estadual realizar os cálculos, haverá divulgação da quantidade que cada município e cada coordenadoria receberão. 

A definição ainda levou em consideração que os 29 municípios de fronteira com Uruguai e Argentina já foram contemplados com doses antecipadas em remessas anteriores, por isso não recebem nesta. “Conversamos com os secretários de Saúde dessas cidades e verificamos que todos eles já alcançaram a faixa etária dos 18 anos”, disse a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri. “Queremos que os municípios sigam vacinando de forma mais uniforme”, explicou o presidente do Cosems, Maicon de Barros Lemos. “Vamos fazer essas compensações de forma gradativa, na tentativa de equilibrar as diferenças e evitar comparações entre municípios”, argumentou a secretária da Saúde, Arita Begmann. “As gestões municipais também precisam fazer uma busca ativa das pessoas que deixaram de se vacinar quando chegou sua vez. Não basta aumentar a faixa-etária e ter um grande número de faltosos. É preciso olhar para frente e para o retrovisor, avançando na cobertura por idade e buscando quem ficou para trás”. 

Tani Ranieri ressaltou que, para atingir a imunidade coletiva, é preciso que no mínimo 70% da população estejam vacinados com as duas doses ou dose única, mas de forma homogênea entre municípios e idades. “O ideal é que o Estado atinja 90% de cobertura vacinal”, completou. 

Para auxiliar os municípios a identificar quem falta se vacinar, a Secretaria da Saúde do RS disponibilizará até o fim desta semana um relatório atualizado diariamente com essas informações. “Cada município poderá ver quantas pessoas em qual grupo etário faltam se vacinar”, explicou a diretora adjunta Ana Costa. 

AJUSTES 

Com o estudo realizado, a Secretaria da Saúde pretende corrigir eventuais distorções na distribuição de doses das vacinas contra a Covid-19 aos municípios. “Trabalhamos com estimativas populacionais que, muitas vezes, não correspondem, na vida real, à população que se vacina efetivamente em cada cidade. Queremos seguir distribuindo as vacinas da forma mais equânime e uniforme possível, levando em consideração, por exemplo, a maior população que municípios do litoral recebem no verão e da serra no inverno”, explicou a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Cynthia Molina Bastos.

Conforme as equipes técnicas da autoridade estadual em Saúde, municípios que estejam vacinando pessoas em torno dos 40 anos ou menos possivelmente não estejam com déficit de doses. “Existem estratégias diferentes em cada município, por isso alguns conseguem atingir faixas etárias mais baixas, enquanto outros conseguem atingir um índice maior na segunda aplicação, exemplificou a secretária adjunta da SES, Ana Costa. 

Para chegar a um cálculo justo de rateio, os 497 municípios gaúchos foram separados em quatro categorias, de acordo com o porte populacional, e calculou-se uma média, em percentual, das coberturas vacinais. Aqueles que ficaram abaixo da média receberão doses para equalizar a diferença. Serão necessárias cerca de 200 mil doses, divididas entre 246 municípios gaúchos, para solucionar as distorções. 

 

(Foto: Site ECR)