O ‘Plano de Reestruturação da Santa Casa de Rio Grande’, elaborado por uma empresa contratada pelo Banrisul, coloca em sério risco o atendimento à população ao defender o fechamento de setores vitais à saúde pública. O relatório de 203 páginas foi feito pela Geesta Assessoria em Gestão, de Santa Cruz do Sul. Nas últimas horas o conteúdo vazou, colocando em polvorosa setores vitais do hospital que não foram chamados para apresentação e discussão das conclusões. No que o relatório chama de “conclusões e recomendações”, foi citado que a Santa Casa tem mais leitos que o necessário. “Uma das sugestões é fechar o Hospital Psiquiátrico e transferir a assistência aos pacientes “para dentro da Santa Casa”, destinando apenas 37 leitos aos doentes.
Ao considerar que as instalações do Pronto Socorro no Hospital Geral estão muito distantes do ideal, o relatório sugere centralizar especialidades médicas relevantes e aproveitar melhor a estrutura existente. Para isto, propôs o fechamento do Pronto Socorro do Hospital Geral e a reestruturação do sistema de acolhimento no Hospital de Cardiologia, com a necessária qualidade, dos casos que hoje acorrem à Santa Casa, junto com as emergências cardiológicas e neurológicas. Os estrategistas da Geesa referem que as mudanças estarão ligadas à abertura das UPAS Junção e Cassino, “que com certeza irão concentrar parte dos atendimentos que hoje chegam à Santa Casa”. A certa altura, o relatório cita que, “com as mudanças propostas, a Santa Casa atuaria como hospital porta fechada, atendendo somente pacientes referenciados”.
PREOCUPANTE
O item 15.7 do relatório defende o fechamento dos serviços de obstetrícia e pediatria da Santa Casa. “A persistir o volume de atendimento atual e considerando a referência dessas especialidades no hospital federal (HU), as unidades de internação em pediatria, obstetrícia e centro obstétrico deveriam ser fechadas. A única possibilidade do não fechamento seria uma composição com os principais convênios (Unimed e IPE) para que estes parceiros bancassem o custo fixo dos serviços”, menciona o texto que chocou médicos ouvidos hoje pelo Site Edson Costa Repórter. A empresa contratada também defende o fechamento da Unidade de Queimados da Santa Casa.
Segundo o levantamento, a unidade de queimados, que tem 11 leitos, atendeu durante o ano de 2017 a 112 pacientes, dentre os quais 87 de tratamento de grandes queimaduras (77,67%). O faturamento médio mensal do SUS foi de R$ 18.534,84. Em 2018, até julho, o atendimento de pacientes com queimaduras gerou uma taxa de ocupação de 53,6% na Unidade de Queimados. O relatório menciona que a manutenção da unidade somente se viabiliza através da composição com os gestores públicos e privados, como por exemplo o IPE, Unimed, Porto de Rio Grande, Refinaria Riograndense, distribuidoras de combustível e outros, objetivando ter receitas para ao menos cobrir o custo fixo mensal.
IDOSOS
No documento, idosos são chamados de clientes. O relatório refere que a Santa Casa tem uma “atividade empresarial” denominada Lar dos Idosos. São duas áreas contíguas denominadas Pensionato Dr. Pedro Bertoni e Pensionato Madre Batista. A ala Madre Batista é considerada a melhor e, portanto, tem preços mais elevados. “Este negócio está com capacidade operacional atual de 47 leitos, isto é, aposentos em uso”.
Segundo informações contidas no relatório de faturamento obtido no dia da visita técnica, existem 48 clientes, cujos valores pagos pelos serviços vão de R$ 759,00 até R$ 2.649,00 mensais, existindo 29 preços diferentes para os ‘clientes’. Segundo a administração, isto ocorreu devido a distorções no passado, pois não havia critério estabelecido para o preço de venda dos serviços. O extenso relatório está sendo encaminhado ao Ministério Público Estadual, diante da gravidade das medidas elencadas, o que colocaria em risco o atendimento à sociedade.
EXPLICAÇÃO
O administrador da Santa Casa, Régis Pinto e Silva, por telefone, disse hoje à noite ao Site que o relatório irá municiar o Banrisul na reestruturação de crédito assistido para o hospital poder produzir bons serviços de saúde. Confirmou que o banco contratou e pagou a Geesta Assessoria, além de uma segunda empresa para levantamento nas áreas econômica, fiscal e de investimentos futuros.
A ideia é garantir, mediante um plano de ação, que o hospital não torne a se endividar. Será uma espécie de condomínio de credores, centralizando as dívidas no Banrisul, inclusive os elevados valores dos empréstimos feitos nos últimos tempos junto à Caixa Econômica Federal. “Isto não quer dizer que teremos de bater o martelo em tudo o que apontou o relatório”, sublinhou Pinto e Silva. Como administrador ele se diz contrário a fechar serviços e favorável à busca de novas receitas. Reconhece que fechamento de unidades causaria um prejuízo social muito grande à população. O relatório está pendente de algumas atualizações. “Isto não será analisado somente por mim, devendo passar pelas demais instâncias de comando do hospital”, concluiu o administrador.
Eles que pensem outra forma de reestruturação, nem pensar em fechar as emergências , HP, etc…
Será que essa gente quer tudo ir para a prisão?
Não é possível mais aguentar tudo isso.
Segunda feira precisei da cardiologia, meu porto seguro, acredito que seja da população toda.
A estrutura e cultura da Santa Casa refletem exatamente a estrutura e cultura de Rio Grande: um narcisismo que só serve para gringo ver, regado a muita incompetência.
Qurem saber o que vai resolver? Enxuga a máquina da Santa Casa e corta toda a incompetência que nega a entrada de recurso e as que fazem o recurso se esvair, simples, porém tem muito ego envolvido.
Grato pela manifestação, Funcionário de cara! O assunto precisa mesmo de ampla discussão. Abraço.
Parabéns pelo seu trabalho, em manter a sociedade informada e, bem esclarecida sobre os fatos. Que o melhor seja direcionado para a instituição.
Sempre disposto a cooperar para a melhor compreensão dos fatos pela comunidade. Muito grato, Manuel!
A proposta de fechar o hospital psiquiátrico é antiga e segue a lei 10.216/01, que redireciona o modelo assistencial em saúde mental para leitos em hospital geral, inclusive remunerando estes leitos com valores maiores do que os repassados aos leitos em hospital psiquiátrico. Já está mais que na hora de Rio Grande avançar e entender que um hospício nunca foi um dispositivo para tratar de saúde e sim para segregar as pessoas portadoras de transtorno mental. Pode acreditar, RG não precisa de um hospital psiquiátrico e sim de uma ala com cuidados de psiquiatria, administrada com seriedade, sem interesses ou lobby corporativista de determinada classe.
Muito obrigado pela participação no Site, Carmen!
Me causa estranheza esse relato surgir hoje, justamente as véspera da Geesta apresentar a proposta para as pessoas que hoje ouviram a proposta do outro grupo. Será que foi uma notícia para tentar diminuir a proposta futura ou mera coincidência?
Como você sabe que a proposta recebida hoje garante não vão haver fechamentos nas unidades? Como você garante que a proposta recebida hoje, os empregos serão mantidos em sua totalidade?
Sabe porque você não garante, porque essa noticia é tendenciosa e você não tem a notícia, ou melhor ainda, tem mas não é interessante largar a outra face da notícia!!
Procure informar melhor a população seu Edson, que quer TODAS as notícias e não somente as que favorecem A, B ou C.
A matéria, senhor Paulo, é explicativa. Recomendo que leia ou peça ajuda para entender o conteúdo. Não entro no meio de confusões de grupos ou interesses corporativos. Caso o senhor tenha algum interesse em A, B ou C, isto não é da esfera da informação. Não mencionei qualquer proposta recebida hoje. A alusão é por sua conta e/ou interesse. Não sou autoridade da área hospitalar. Estas perguntas o senhor encaminhe à direção da entidade, por gentileza. Tenha uma boa noite e agradecido por deixar sua manifestação.
Na sua matéria o Sr fala, “Plano de Reestruturação da Santa Casa de Rio Grande”, o que na verdade foi um Relatório apresentado pela referida empresa, uma vez que o Plano será apresentado somente em outra data. Eu não tenho preferência por nenhuma, e sim pela manutenção do hospital atendendo a população. Só gostaria que a matéria não houvesse distorção em seu teor, pois ao ler entende -se como Proposta para o Plano de Reestruturação, o que de fato não aconteceu ainda pela Geesta.
O senhor parece estar cambaleante frente ao tema, senhor Paulo. Não é o jornalista que coloca “Plano”. O nome do documento está estampado assim na capa inclusive. Caso o senhor queira receber o conteúdo global, faço a entrega. Caso não queira, apanhe com a direção da Santa Casa ou com o Banrisul. Também pode pedir à empresa aludida. Novamente boa noite!
Sou por que como qualquer cidadão quer ver o bem da instituição e a verdade não é tão clara assim. Peço que o sr. Coloque, também o Plano recebido e apresentado na data de hoje, bem como enaltesa o que eles irão fechar e o número de demissões que irao fazer.
DIGO: AS CONTAS ENTRE 2015 E 2017 ESTÃO MAL EXPLICADAS. FALAR DE 2011 FOI ERRO DE DIGITAÇÃO. DESCULPE
Bem compreendido, amiga!
TUDO SÃO CONJECTURAS. QUEM EM SÃ CONSCIÊNCIA VAI ASSUMIR UMA SANTA CASA COM AS CONTAS MAL EXPLICADAS? AS PRESTAÇÕES DE CONTAS, DE 2011 PARA CÁ, SÃO TODAS MAL EXPLICADAS. NA REUNIÃO DO DIA 20/5/19 NEM MESMO APROVADAS AS CONTAS FORAM
ELES ALEGAM QUE AS CONTAS DE 2015 A 2017 FORAM APROVADAS. FORAM? POR QUEM? POIS OS CONSELHEIROS FISCAIS RENUNCIARAM. COMO QUE ALGUÉM APROVOU? TEM MUITA COISA MAL EXPLICADA E QUEM VAI ASSUMIR ESSA BOMBA? ALGUM OPORTUNISTA, ATÉ PODE! É ENOJANTE O QUE FAZEM COM A SANTA CASA! ENOJANTE É REVOLTANTE, POIS PESSOAS, VIDAS ESTÃO MORRENDO NESSE FOGO CRUZADO! VERGONHOSO! QUASE 200 ANOS DE HISTÓRIA JOGADAS FORA.
Muito obrigado pela participação também por aqui, Mara! A sociedade precisa acompanhar todos os desdobramentos da crise hospitalar.