Pretendente quer 3% sobre tudo o que for arrecadado

A Associação Hospitalar Vila Nova, de Porto Alegre, apresentou proposta para fazer a gestão da Santa Casa de Rio Grande, mas já partiu para o ataque acusando “a existência de um descalabro na entidade”. A proposta da entidade da capital já está com a direção do hospital e com o promotor de justiça Érico Rezende Russo. Representantes da associação estiveram no hospital, explanaram a intenção e percorreram os diversos setores. “O que encontramos nas nossas visitas à instituição choca pela total falta de condições de higiene e tratamento digno aos pacientes”, cita o documento. A presidência da Santa Casa ainda não se manifestou oficialmente à comunidade sobre o assunto.

A Vila Nova quer coordenar todas as áreas do funcionamento regular do hospital, mas não pretende alienar o patrimônio da Santa Casa e anunciou que se for escolhida seguirá um plano de transição, negociando sempre com planos de saúde e equipe médica para a execução de serviços. Pretende fechar o Hospital Psiquiátrico, abrindo 30 leitos dentro do hospital geral. Prometeu ao representante do Ministério Público e à direção da Santa Casa que “resolverá as questões internas de relacionamento, negociando com os fornecedores e prestadores de serviços”, sinalizando que se trata de gestão compartilhada.

Todos os recursos provenientes dos contratos firmados pela Santa Casa com órgãos públicos e particulares serão depositados em conta bancária movimentada pela Vila Nova. A associação quer receber mensalmente 3% sobre o valor de tudo o que for recebido pela Santa Casa. “Vamos emitir nota fiscal e recolher os tributos correspondentes”, gaba-se a direção da entidade de Porto Alegre no texto da proposta de interesse.

O pretendente quer fazer parceria com a Unimed para equipar o Hospital de Cardiologia e “locar todos os espaços ociosos do prédio, incluindo o existente na frente do complexo”. A associação quer retomar a plenitude da realização das cirurgias particulares e de convênios.

Pretende que a Prefeitura Municipal aumente de R$ 600 mil para R$ 1 milhão por mês a verba destinada ao atendimento no pronto-socorro. O item 18.5 da proposta volta a atacar o atual gerenciamento da Santa Casa ao anunciar que “irá retomar o tratamento digno aos pacientes, com atendimento humanizado e tratamento médico adequado às necessidades individuais dos doentes”.

MARAVILHAS

A carga de promessas e boas intenções da Associação Vila Nova para gerir a Santa Casa não parou por aí. Leitos com camas e enxovais novos, tecnologia da informação com aparelhos da Philips, equipamento novo para produzir alimentação aos pacientes, além de reforma do refeitório e banheiros. Contudo, aparece no item 18.4 a grande revelação. A pretendente anuncia que “dará início à reforma da Santa Casa com recursos da comunidade”. Os poucos profissionais do hospital que tomaram contato com o documento, consideraram a proposta confusa e com acentuado sombreamento administrativo no plano das responsabilidades de cada parte.

A Associação Vila Nova é presidida por Dirceu Beltrame Dal’Molin. A entidade possui, dentre outros serviços, uma unidade hospitalar 100% SUS que disponibiliza seus 420 leitos para internações clínicas e cirúrgicas, dependência química, UTI e saúde prisional. A Associação Vila Nova presta o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que avalia casos de mortes ocorridos por causas naturais em Porto Alegre.

APOSTA

O administrador do Hospital Santa Casa, Régis Pinto e Silva, prefere não emitir posição sobre a proposta de gestão da Associação Vila Nova. Contudo, ele acredita que o hospital terá novos rumos e melhoria geral apostando nas pessoas de Rio Grande, levando em conta, por exemplo, a existência de funcionários e corpo clínico qualificados. “O que estamos trabalhando há bastante tempo é a reestruturação da Santa Casa”, finalizou.