Os números oficiais de casos de HIV/Aids em Rio Grande levaram o Ministério da Saúde a incluir o município numa agenda estratégica. Os dados revelados hoje ao Site Edson Costa Repórter apontam a existência de 3.243 pacientes em tratamento. São 120 novos casos da doença por ano em Rio Grande, segundo confirmação da Secretaria da Saúde local. O município mantém o desconfortável 1º lugar em número de casos da doença no estado gaúcho, mesma posição ocupada no Brasil para municípios com mais de 100 mil habitantes, conforme boletim epidemiológico.

O secretário de Saúde, Maicon de Barros Lemos ressalta que Rio Grande, desde a década de 90, figura entre os municípios prioritários no Brasil, oscilando entre as três primeiras posições, junto com Porto Alegre. “São realmente altos os índices de casos confirmados da doença”. Barros também ressalta que o ministério reconhece o trabalho da Vigilância Municipal em Saúde, sobretudo pelo rigor nas notificações. “A cidade, por ser portuária, apresenta uma maior vulnerabilidade na transmissão da doença, assim como ocorre com todas as cidades detentoras de portos”, sublinha a autoridade.

VÍRUS RESISTENTE

Ao apontar que o Rio Grande do Sul vive uma epidemia de casos de HIV, o secretário da Saúde afirma que nos últimos anos Rio Grande vem aumentando as ações de prevenção. Cita como fatores importantes a testagem rápida e a implantação da primeira unidade móvel com dois consultórios para testes desde 2018, além da realização de eventos em datas estratégicas para divulgação de informações. Contudo, “ainda não há melhor tratamento para evitar o HIV/Aids que o uso do preservativo”, ressalta o secretário Barros Lemos.

SOBRE TUBERCULOSE

O secretário revelou que os casos de tuberculose ainda estão sendo atualizados no estado gaúcho, mas informa que Rio Grande, mesmo sem a posição definida, está entre os sete municípios com maior incidência da doença.

A AGENDA ESTRATÉGICA

Rio Grande passou a integrar a chamada agenda estratégica do Ministério da Saúde, ao lado de outros nove municípios gaúchos. Todos são considerados prioritários em relação aos índices de HIV/Aids, tuberculose, hepatites virais e sífilis. O objetivo é acelerar ações de aperfeiçoamento em resposta a essas doenças, melhorando as ferramentas de diagnóstico, prevenção e tratamento. As dez cidades gaúchas definidas pelo governo federal são Porto Alegre, Alvorada, Canoas, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Maria, São Leopoldo e Viamão. O Rio Grande do Sul apresenta a maior taxa de mortalidade por Aids no país, com 9 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 4,8 óbitos.

A agenda estratégica a ser construída deverá refletir, de acordo com a realidade de cada município, prioridades como a redução da mortalidade das pessoas vivendo com HIV e a ampliação do diagnóstico e tratamento das hepatites virais, com foco na hepatite C.


(Foto: Wilson Rosa da Fonseca)