Dois meses após anunciar a decisão de colocar “microchips em butiás” para evitar o furto das mudas plantadas nas vias públicas, a Prefeitura de Rio Grande decide jogar duro com os comerciantes na zona central e avisou que não quer o uso de “fonógrafos”, principalmente nas lojas do calçadão da Rua General Bacelar.

O governo municipal distribuiu um “Comunicado” aos gerentes dos estabelecimentos comerciais anunciando, dentre outras coisas, que poderá multar quem fizer propaganda usando “fonógrafo” nas lojas. O fonógrafo (ilustração), usado para gravação e reprodução de sons, foi inventado em 1877 por Thomas Edison. Era constituído por um cilindro de couro recoberto por uma folha de estanho, montado sobre um eixo horizontal provido de manivela em uma das extremidades que ao ser acionada permitia à agulha ligada a um diafragma riscar a superfície do estanho conforme a vibração provocada pelas ondas sonoras.

ENTENDA A ABERRAÇÃO

Nesta semana, a prefeitura determinou que agentes públicos fossem de loja em loja entregar formalmente, com assinatura de recebimento, um “Comunicado” aos comerciantes. O documento, sem assinatura do responsável, menciona artigos do Código de Posturas do município, de 39 anos atrás. O governo municipal anunciou aos comerciantes que irá fiscalizar a propaganda com o uso de sonorização pelas lojas do centro da cidade, incluindo “alto-falantes e fonógrafos”.
A medida causou grande repercussão entre os comerciantes e funcionários nas últimas horas. “Nossa equipe de fiscalização atua diariamente na zona central da cidade, focada principalmente no Calçadão da Rua General Bacelar”, advertiu. O Executivo foi enfático: “a não observância da legislação vigente sujeita o estabelecimento à aplicação de multa”.

MUITO ALÉM DA ABERRAÇÃO

A Prefeitura de Rio Grande anunciou que a proibição inclui o serviço de locução nas lojas. Também não quer aparelhos de rádio ligados nas lojas, o que aumentou a revolta, pois alguns estabelecimentos anunciam em emissoras locais e acompanham a programação e veiculação dos anúncios. Estão ameaçados os postos ocupados por locutores comerciais contratados por várias lojas. Música em caixas de som na porta a prefeitura também não quer. As proibições não param por aí. O Executivo não quer que funcionários distribuam panfletos de propaganda nem que sejam colocados “arcos de balões” na entrada das lojas.
A situação atinge nível surreal quando o texto adverte os comerciantes sobre a distribuição de pipocas aos clientes. As lojas somente poderão entregar panfletos e pipocas aos clientes se a Prefeitura autorizar previamente. Expor roupas em ‘araras’ e com o uso de manequins em frente às lojas também é proibido.

Na tentativa de amenizar o duro impacto das medidas anunciadas, a Prefeitura de Rio Grande refere estar empenhada “em contribuir com o bom andamento das atividades comerciais, promovendo o convívio harmônico entre munícipes e comerciantes”.