Rio Grande assumiu importante papel nos estudos para esclarecer o incidente do lançamento de óleo que atingiu mais de 200 locais em nove estados, provocando graves prejuízos ambientais no litoral norte e nordeste do Brasil. O Centro de Hidrografia da Marinha pediu à Universidade Federal do Rio Grande– Furg um estudo minucioso a respeito, através da aplicação de modelagem numérica, com o objetivo de informar onde ocorreu o derramamento de óleo.
O Laboratório de Análise Numérica e Sistemas Dinâmicos da Furg passou a desenvolver o estudo de modelagem numérica a partir do conhecimento dos pontos e das datas de ocorrência de óleo na praia, análise estruturada em duas etapas e que gerará dois relatórios. O primeiro já foi apresentado à Marinha dias atrás e o outro será entregue nas próximas horas.
O coordenador do laboratório e do Programa de Pós-graduação em Modelagem Computacional do Instituto de Matemática, Estatística e Física, professor Wiliam Correa Marques, responsável pelo trabalho, revela que na primeira etapa foi analisado o campo de correntes, a elevação do nível do mar, as ondas e os ventos na superfície do mar, de toda a região norte e nordeste do Brasil, referente ao período de 1º de agosto a 15 de outubro. Com base nas análises, seria possível criar diferentes cenários para as ocorrências do óleo, sendo estimados os pontos de derramamento e/ou vazamento do produto no mar.
Na segunda etapa do trabalho, os especialistas partiram para a modelagem do espalhamento e dispersão do óleo, considerando todos os possíveis cenários, com o objetivo de confirmar as hipóteses existentes. Participa do estudo a doutoranda do Programa de Pós-graduação em Oceanologia, Thaísa Beloti Trombetta.
A EVOLUÇÃO
O primeiro relatório foi construído com a utilização dos dados de ocorrência de óleo na costa, atualizados em 27 de setembro pelo Ibama. Através da análise dos dados foi sugerido que o derramamento e/ou vazamento de óleo pode ter ocorrido em diferentes setores da plataforma continental ou da região oceânica, devido à sua distribuição espacial e evolução temporal. Além disso, foi verificado que três diferentes áreas do litoral brasileiro possuíam maior probabilidade de terem sido diretamente afetadas pelo lançamento do óleo no mar.
No segundo relatório que será enviado à Marinha nesta semana, serão discutidas algumas simulações de deslocamento do óleo, que vêm sendo realizadas para identificação de possíveis pontos de vazamento. Conforme o professor William Marques, devido à gravidade do problema, o trabalho está sendo desenvolvido “com extrema urgência”. Desde o aparecimento das primeiras manchas de óleo no litoral do nordeste, em 2 de setembro, a Marinha do Brasil e diversos organismos públicos e privados, estão mobilizados para apurar as causas do desastre ambiental.
O comandante de Operações Navais da Marinha Brasileira, que comandou o 5º Distrito Naval sediado em Rio Grande, almirante de esquadra Leonardo Puntel, afirmou que o governo federal vai repassar recursos não só aos estados, mas também a órgãos federais e municipais que tenham atuado no caso.
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(Fotos: Divulgação/Simone Santos)
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