Não é preciso refletir muito para afirmar que o esporte auxilia na formação dos jovens. Um exemplo da geração saúde pode ser visto em Rio Grande e de uma forma bem especial, com total envolvimento dos pais. Conhecer o time de handebol mirim feminino do Centro de Formação e Treinamento Desportivo DF chama a atenção. Não é só uma atividade física preparando meninas para competições. É um multipalco de alegria, leveza e dedicação, tudo combinado com responsabilidade, disciplina e emoção.

O professor de Educação Física Douglas Fernandez (de onde vem o DF) comanda o centro de treinamento, que também conta com outras modalidades esportivas, como vôlei, basquete e futsal. Ele faz questão de dizer que todos devem priorizar os estudos antes das quadras. “Sou muito feliz trabalhando e aprendendo com os jovens”, conta o professor.

Time de handebol

Momento da entrevista das meninas ao Site, no Ginásio do IAC

Inteiramente à vontade, as meninas do handebol treinam no Ginásio Engenheiro Heitor Amaro Barcellos, do Ipiranga Atlético Clube– IAC. Os últimos dias têm sido mais agitados por conta de um grande compromisso, marcado para este sábado, dia 14. Elas vão disputar a final do Campeonato Estadual de Handebol na categoria, no ginásio do Centro de Educação Integrada, às 14h30, em Campo Bom, no Vale do Rio dos Sinos. Um compromisso e tanto. Afinal, enfrentar a estruturada equipe da Sociedade Ginástica Novo Hamburgo é missão que exigiu um esforço ainda maior na fase de treinamentos.

O ESPORTE NO DNA

Júlia Gaubert, 23 anos, é a técnica das meninas do handebol. Professora de Educação Física e fisioterapeuta, ela é neta de um dos maiores ícones do esporte da cidade, o veterano professor Golbery Minuto Gaubert. Hoje aposentado, Golbery foi pentatleta e decatleta do SC Internacional de Porto Alegre e durante muitos anos orientou centenas de jovens em Rio Grande nas atividades físicas e competitivas. Amiga das meninas, cuidadora, líder e apaixonada pelo que faz.

 

É assim que os pais veem a treinadora. “Júlia tem uma impressionante e natural liderança sobre as nossas crianças”, manifestou Giselle Moran, mãe da atleta Isabela. Ela faz questão de dizer que além de pais todos são torcedores e sentem prazer com os resultados fora das quadras também, sobretudo na socialização, um rico aprendizado. “A treinadora Júlia nos transmite muita segurança e nossas filhas ficam muito bem na companhia dela”, disse Heloisa Caumo (mãe de Juliana) que também tem outra filha jogando handebol, na categoria Cadete. Karine Corrêa igualmente elogia o trabalho e fala que sua filha Paola é muito feliz fazendo parte do grupo. “Somos felizes pelo que acontece com as meninas”, alegra-se a mãe ao referir que há uma amizade no ambiente onde todos caminham juntos.

Pais

Pais também falaram sobre o trabalho desenvolvido

Os pais acompanham o time nos treinos, nas partidas disputadas em Rio Grande e fora de casa, além dos eventos como na confraternização de final de ano, em descontraído momento. No jantar festivo não faltaram risos, homenagens e muita emoção. Júlio Dutra Rosca e Patrícia são pais de Mauren, destaque do time e goleadora. Eles não deixam de acompanhar as meninas nos treinos e em todas as disputas. A outra filha, Francine, joga na categoria Infantil. O grande grupo trabalha junto, organizando eventos para arrecadar fundos que ajudam a cobrir despesas, especialmente de viagens do time. Eles são unânimes em elogiar a parceria com o IAC, afirmando que sem o suporte do clube não teriam chegado ao atual estágio.

O CLIMA

Os treinos do handebol mirim são um misto de determinação, esforço e alegria. Focadas, a todo o momento elas são chamadas para conversas com a técnica Júlia, que explica com clareza as falhas e como devem fazer em quadra para corrigi-las. “Além de esforçadas, nossas jogadoras se entendem muito bem dentro e fora das quadras”, refere Júlia Gaubert. A técnica sabe das dificuldades que serão enfrentadas na final do campeonato, mas o clima é de confiança. “Sei que podemos vencer e as meninas estão confiantes no potencial da equipe”. Júlia relembra que também era muito difícil a classificação para a final e o DF conseguiu vencer (por 15 x 14) a semifinal contra a Liga Hamburguense de Handebol– LHH, jogando fora de casa, em Campo Bom. Outro nome importante é o de Julie Cruz, também técnica, com atuação vital à engrenagem. Julie treina goleiras e gosta de tratar das questões táticas.

Treino Handebol

Nos treinos, a orientação da técnica Júlia Gaubert ao time

“Dá um frio na barriga, mas nós vamos vencer”, disse a sorridente Isabela Moran, de oito anos, a caçula do time. Juliana Caumo foi destaque no jogo da semifinal, com seis gols e fala sobre a importância do entrosamento, “o que temos de sobra”, brincou. Paola Corrêa ergueu a mão quando perguntada sobre ter vontade de ganhar. “Somos uma equipe e juntas vamos vencendo as barreiras”. Beatriz Rossettini garante que jogar handebol faz bem e é muito divertido. “Somos muito amigas, o que ajuda muito”, disse ‘Bibi’, como é chamada por todos.

DIFERENCIAIS

O profissionalismo e o cuidado com a preparação da equipe são marcantes, avaliam unanimemente os pais das jogadoras mirins. Elas contaram durante a exitosa caminhada com o acompanhamento de uma psicóloga, uma forma de ajudá-las a superar o estresse, a ansiedade e a pressão natural exercida pelo esporte competitivo. A fisioterapeuta Laura Freitas tem uma missão importante ao lado da técnica Júlia. Ela acompanha o time nas viagens, cuidando de outro importante diferencial, a fisioterapia preventiva.

Treino handebol

Treinos são feitos com muita seriedade

No trabalho antes dos treinos, as meninas recebem exercícios adequados, o que ajuda a evitar o surgimento de lesões. A média, antes de ser implantada a atividade preventiva, era de cinco lesões por campeonato. Agora, o número caiu 95%. A fisioterapeuta Laura, além das avaliações periódicas e acompanhamento, atua fortemente no pronto atendimento durante os jogos. Todas as ações garantem um melhor rendimento e segurança, diz a fisioterapeuta.

RECONHECIMENTO

O professor Bruno Corrêa trabalhava inicialmente com o futsal e conheceu o handebol através do Centro de Formação e Treinamento Desportivo DF. Começou a trabalhar com a técnica Júlia Gaubert na categoria mirim, em 2016. No ano seguinte teve a disputa do Campeonato Regional de Handebol na região Sul do Estado (Rio Grande, Pelotas e Santa Vitória). Nos anos de 2018 e 2019 foi professor das categorias Infantil e Cadete, com a técnica Júlia, disputando o campeonato Estadual da modalidade. Ele se desligou da escola em setembro passado para dar segmento em outros projetos profissionais. Bruno é muito elogiado no grande grupo pelo trabalho que desenvolveu com as meninas. O professor se emociona ao falar da trajetória percorrida. “Ele é um grande amigo de todos nós e segue apoiando nosso handebol”, disse a técnica Júlia ao mostrar gratidão.

CHEGANDO A HORA

Neste domingo a equipe joga fora de casa, tentando o inédito título para Rio Grande. A técnica Júlia Gaubert e o professor Douglas Fernandez, diretor do centro esportivo que abriga a modalidade acreditam no bom resultado para a cidade. Eles também falam com alegria sobre outro fator importante, a divulgação do nome da cidade no cenário estadual. Questionadas pelo Site Edson Costa Repórter se acreditam no título do campeonato estadual, as meninas, confiantes e felizes pela trajetória até aqui percorrida, levantaram o braço e numa só voz responderam Sim!

A FORMAÇÃO

O time mirim do DF disputa neste sábado a final do Campeonato Estadual da Federação Gaúcha de Handebol contando com a seguinte formação:

Amanda Dóro – Amandinha

Beatriz Rossetini – Bibi

Betina Silveira – 

Isabela Moran – Bela

Juliana Caumo – Juju

Luísa Lapa – Lu

Luiza Nunes – Lulu

Maria Eduarda Barreto – Dudinha

Maria Eduarda Soares – Dudona

Mariana Corrêa – Mari

Mauren Rosca – Mau

Paola Corrêa – Lola

Comissão Técnica

Júlia Gaubert – Técnica

Julie Cruz – Técnica

Bruno Corrêa – Técnico apoiador

Laura Freitas – Fisioterapeuta

Douglas Fernandez – Direto

ATUALIZAÇÃO

A final inédita do Campeonato Estadual de Handebol foi marcada pela emoção. O placar esteve sempre próximo e o jogo foi disputado até os minutos finais. O placar foi de 12 x 9 para a equipe da Sociedade Ginástica Novo Hamburgo. “Tivemos a oportunidade de passar à frente no marcador quando o jogo estava 7 x 7, mas infelizmente não conseguimos”, disse a técnica Júlia Gaubert. Apesar do resultado, relata ter ficado muito feliz com o volume de jogo apresentado pelas alunas. “Recebemos o reconhecimento do nosso grande adversário e torcedores presentes ao ginásio e para nós foi uma grande vitória representar Rio Grande”, comemorou. A técnica do time mirim que se sagrou vice-campeão gaúcho resumiu a temporada lembrando que “em apenas dois anos disputando a competição, conseguimos terminar 2019 entre os melhores do Estado”.

 

Treinadora Julia

Júlia Gaubert ficou feliz com a campanha das meninas

Time vice-campeão

Equipe mirim trouxe o título de segundo lugar no estadual para Rio Grande