Uma inusitada atitude da administração da Santa Casa de Rio Grande causou mal-estar num dos maiores parceiros do hospital, o Posto Médico Legal (PML), ligado ao Instituto-Geral de Perícias do RS. Em entrevista exclusiva ao Site Edson Costa Repórter na tarde desta sexta-feira (10) o perito médico-legisla Paulo Barragan, que chefia a unidade, confirmou a situação.

ESTRESSADO

Dizendo-se administrador da Santa Casa e exibindo a identidade funcional, mas sem declarar seu nome, a autoridade hospitalar entrou no PML e exigiu a retirada de uma faixa (foto) afixada na parte externa do prédio da unidade, que funciona há décadas na retaguarda do hospital. A faixa serve para informar a comunidade sobre uma operação padrão desencadeada no último dia 07 para chamar a atenção sobre os prejuízos do pacote de reformas apresentado pelo governo Eduardo Leite e que afeta os direitos da categoria. As equipes de perícia passaram a priorizar locais e ocorrências emergenciais, realizando procedimento padrão. 

O médico Paulo Barragan explicou que a liberdade de manifestação consagrada pelas leis vigentes no país foi ferida pela administração da Santa Casa. Barragan salientou que a faixa foi confeccionada com recursos do bolso dos próprios servidores do posto. O médico disse que depois de ser trocada a equipe de gestão do hospital [em julho do ano passado] nenhum administrador visitou o posto onde as perícias e outras atividades legais são realizadas há vários anos. “A administração da Santa Casa está furiosa porque diz que isto vai denegrir a imagem do hospital”, citou Barragan, discordando frontalmente da forma como intempestivamente o assunto foi tratado. “Sinceramente, não vejo motivo para tanto”, aditou Paulo Barragan, um dos legistas mais respeitados do RS, ao repudiar a atitude. Dentro das instalações do posto, o representante da Santa Casa ameaçou denunciar o fato, sem dizer a quem. A orientação de colocar a faixa indicativa da Operação Padrão foi das lideranças sindicais do RS que representam servidores de vários setores importantes para o interesse público, dentre eles peritos, papiloscopistas, fotógrafos criminalísticos, técnicos em perícia, peritos criminais, dentre outros. O prédio é cedido para o IGP e todos que atuam no local são servidores do Estado.

DESCABIDO

O incidente envolvendo a cúpula da Santa Casa acontece exatamente no momento em que Rio Grande está prestes a receber a instalação da 10ª Coordenadoria de Perícias, uma luta de muito tempo. Autoridades e lideranças sindicais gaúchas já foram informadas sobre o caso. Paulo Barragan relatou que o movimento desencadeado pelos servidores ligados ao IGP está totalmente legalizado, seguindo orientações superiores, e todos os comunicados necessários foram informados à Secretaria da Segurança Pública do RS. O presidente da Associação de Caridade Santa Casa de Rio Grande, bispo emérito Dom José Mário Stroeher e os dois administradores, Luciano Ramos Lopes e seu adjunto Cláudio Pirutti preferiram não se manifestar ao serem questionados pelo Site.


(Foto: Vera C. Cunha)