Um médico de Rio Grande fez hoje sérias acusações ao sistema de atendimento de saúde pública de Rio Grande, inclusive de crime de omissão durante a pandemia de coronavírus. A manifestação foi feita às 11h01 pelo médico de Rio Grande Sergio Wagner, que atua em clínicas particulares na cidade e desenvolve programas de saúde preventiva. Segundo ele, há o que chamou de “descaso e negligência quase que absoluta na saúde pública em Rio Grande”.
ENTENDA O TEOR
Referindo-se ao período de avanço do coronavírus, o médico apontou que vem trabalhando na área de frente há dois meses, atendendo cerca de cinquenta pacientes por dia, com plantões em finais de semana e feriados. Sustenta estar se deparando diariamente com casos de pacientes que não vêm sendo atendidos em Pronto-socorro, postos de saúde e Cardiologia, e “lhes é dito apenas fique em casa”. Segundo Sergio Wagner, “está havendo um descaso e negligência quase que absoluta na saúde pública em Rio Grande”.
O texto do médico, postado espontaneamente em Perfil integrante das plataformas de jornalismo lideradas pelo Site Edson Costa Repórter, cita que “estão se esquecendo dos pacientes crônicos”. Mencionou portadores, por exemplo, de diabetes, hipertensão, Aids, cardiopatias, isquemias e outras comorbidades, entre os casos de pessoas doentes que estão, segundo afirma, sendo mandadas para casa. Wagner reforçou suas denúncias apontando que tais pacientes necessitam de acompanhamento e manutenção de seus medicamentos e exames.
MORTES
“Estes pacientes estão presos em casa, à mercê da sorte. Muitas mortes já aconteceram em dois meses aqui em Rio Grande e ninguém fala nada disso. Nós, médicos, fizemos um juramento em salvar vidas. Isso nada mais é do que omissão de socorro: crime ao ser humano”, acusou. “Estão morrendo não só nossos velhinhos em casa (por terem medo de sair e contrair esse vírus, por falta de atendimento), mas jovens também”, escreveu o profissional.
TESTEMUNHA
Sergio Wagner disse ser testemunha de tudo o que está alardeando. “Estou falando e, se preciso for, meto minha cara a tapa e colocarei a público o caso”, disparou. Ele fez um chamamento às autoridades públicas para que se manifestem. O presidente do Sindicato Médico de Rio Grande (Simerg), Marco Antônio Martins de Freitas, ao tomar conhecimento da manifestação do colega, declarou ao Site que não gostaria de se pronunciar em nome da entidade. Contudo, como médico, Marco Antônio acha que as pessoas devem se resguardar durante a pandemia, procurando ficar em casa. Defende, contudo, que elas precisam procurar ajuda médica sempre que tiverem algum problema de saúde. Marco Antônio espera que tudo seja devidamente apurado.
Já o secretário da Saúde de Rio Grande, Maicon de Barros Lemos, anunciou ao Site Edson Costa Repórter, às 18h34, que a direção médica da Secretaria, com as direções dos Hospitais Santa Casa e Hospital Universitário, emitirão nota pública a respeito das declarações do médico. DA EDITORIA – Após a publicação da nota, o conteúdo da reportagem será atualizado.
ATUALIZAÇÃO
O Site Oficial da Prefeitura de Rio Grande publicou às 18h25 desta quinta-feira (07) uma “Nota Pública”, tratando de “acusações de desassistência aos usuários do SUS”. A nota, chancelada pela Direção Técnica da Secretaria local da Saúde, não faz referência a quem teria feito as acusações. O Site Edson Costa Repórter e suas plataformas interligadas, supondo que a manifestação da autoridade municipal seja em função da enorme repercussão das denúncias do médico Sergio Wagner, resolvem publicar abaixo, a íntegra da Nota Técnica.
“Neste período de pandemia sem precedentes neste país e no mundo lamentamos as manifestações de ataque a cerca dos serviços e servidores de saúde pública do município do Rio Grande.
O SUS Municipal têm mantido suas atividades de acompanhamento as famílias com pessoas portadoras de doenças crônicas de forma multiprofissional, seguindo os critérios de orientação do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde, mantendo à disposição da nossa comunidade as suas Unidades Básicas de Saúde e hospitais locais para as situações que se apresentem.
Várias iniciativas foram tomadas por todas equipes de saúde para melhor atender os usuários do SUS em tempo de pandemia, considerando as orientações sanitárias.
A orientação de isolamento social e a redução das aglomerações não partem da gestão do SUS local, trata-se de medidas científicas e orientadoras da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde, que em Rio Grande manifestou resultado positivo de acordo com a conscientização de nossa população frente ao cenário internacional. Portanto, os hospitais e Unidades de Saúde reorganizaram seus serviços para este momento difícil e, até então, nunca ocorrido no Brasil.
Por fim, em representação aos quase 4500 servidores que prestam serviços ao SUS neste município, seja nas esferas federal, estadual e municipal, bem como complementar conveniada, lamentamos o presente registro e informamos que estamos de portas abertas para profissionais que queiram somar neste momento difícil de forma construtiva, através de nossas contratações emergenciais tanto na Rede hospitalar quanto na Atenção Básica em Saúde do SUS.
É momento de reunir esforços. É momento de construção.”
(Foto: Wilson da Fonseca)
Mas desde quando de uns oito anos para cá o poder público deu atenção a saúde???
O que estamos vendo diariamente é um descaso total com a saúde riograndina, é o sucateamento das entidades hospitalares e negócios sinistros. Foi investio milhões de reais na saúde, mas em obras pois isso é feito que aparece em épocas de anos eleitorais como este que estamos. Contratação de profissionais, cura de doentes e salários em dia não ganha voto.
Muito obrigado pela participação no Site, Júlio!