Aconteceu nesta sexta-feira (7) a exumação dos restos mortais do primeiro bispo católico de Rio Grande, Dom Frederico Didonet. O túmulo está localizado em área reservada na Catedral de São Pedro. Os restos mortais foram colocados em uma urna funerária que será abençoada durante celebração dos 50 anos de criação da Diocese de Rio Grande, no final de maio. Conforme o atual bispo da Diocese local, Dom Ricardo Hoepers, após a celebração jubilar, os restos mortais serão deslocados para uma cripta, localizada na mesma capela onde está o atual túmulo, para visitação dos paroquianos.

Dom Frederico

Dom Frederico

Muito humilde e carismático, Dom Frederico foi nomeado pelo Papa Paulo VI em julho de 1971 e logo veio para a Diocese de Rio Grande, que havia sido oficialmente criada dois meses antes. Gaúcho da região de Ivorá, Dom Frederico Didonet recebeu a Ordenação Episcopal em 12 de setembro daquele ano. O período de Dom Frederico foi encerrado no dia 8 de agosto de 1986, passando à condição de bispo emérito. Ele tinha uma saúde bastante frágil, o que não o impedia de cumprir uma agenda de muitos compromissos, como as visitas que gostava de fazer às comunidades, especialmente as mais pobres. “A doença em si não é um bem, mas pode ser aproveitada positivamente para o exercício de muitas virtudes”, dizia ele. Passou por várias internações hospitalares na Santa Casa de Rio Grande e morreu no dia 4 de outubro de 1988.

ENTREVISTAS E POLÊMICAS

Dom Frederico Didonet não poupava críticas aos que se comportavam de forma inadequada, principalmente governantes das diferentes esferas. Era crítico ferrenho do que mais condenava: as desigualdades sociais. Abominava a pornografia e certa vez, em entrevista à Rádio Cultura, reproduzida no Jornal Zero Hora, de Porto Alegre, disse que não aprovava o desfile de mulheres seminuas no carnaval de Rio Grande e taxou as exibições na passarela de “festival da carne”. A entrevista gerou enorme polêmica. Em 2010, nas comemorações feitas em Rio Grande pelos 100 anos de nascimento de Dom Frederico, na Catedral de São Pedro, a Academia Rio-Grandina de Letras apresentou relembrança de momentos vividos pelo religioso no município e recordou passagens de sua postura arrojada, nunca fugindo dos temas polêmicos, geralmente em entrevistas de grande repercussão.

(Fotos: Diocese/Divulgação)