O Hospital Santa Casa de Rio Grande joga R$ 24 milhões no endividamento da entidade a cada ano, situação que se não for contida poderá quebrar o complexo, um dos maiores do interior gaúcho. Em entrevista ao Site Edson Costa Repórter, o superintendente do hospital, César de Oliveira Paim, disse que é urgente reduzir custos e ampliar a receita, pois o hospital gasta mais do que arrecada. “A Santa Casa vem gastando mal e apresentando muito desperdício. A nova direção do complexo quer acabar com o chamado espelhamento de serviços. Cita que não é admissível um hospital ter, por exemplo, duas lavanderias e dois laboratórios de análises clínicas, com aparato e material humano distintos para a realização de serviços idênticos, 24 horas por dia. “O hospital precisa de roupa limpa e resultados de exames, não precisando necessariamente ter lavanderia ou laboratório próprios”, sublinhou. Diz que a maioria dos hospitais terceiriza e nem tem mais lavanderia dentro de suas unidades. Paim anuncia que já estão em andamento quatorze grandes ações, visando estancar a hemorragia de problemas que vem sufocando a entidade. “São ações imediatas e tudo é para ontem, por uma questão de sobrevivência”.

O complexo hospitalar Santa Casa tem 1.156 funcionários ativos e a direção ainda não sabe sobre eventuais demissões, pois estão desenvolvendo os estudos que embasam as mudanças. O superintendente reconhece que os salários da Santa Casa são muito baixos, havendo uma média de 50 pessoas em rotatividade por mês, entre demissões e contratações. Muitas pessoas não querem trabalhar no hospital e acabam pedindo demissão. A intenção no momento não é demitir trabalhadores, mas ir adequando cada setor à realidade, a partir da nova dinâmica de gestão. “Queremos envolver as pessoas, ouvir cada colaborador, explicando a razão das mudanças”, disse o presidente do hospital, Renato da Silveira. Afirma que as decisões não serão centralizadas em gabinete e sim democratizadas, de acordo com as necessidades do hospital para melhor atendimento. Uma primeira reunião ampla, com mais de sessenta lideranças dos setores, já foi realizada. Os gestores falaram, ainda, que o hospital tem regras e um manual de conduta. Médicos serão valorizados, participando do processo de gestão. “A Santa Casa precisa de médicos que sejam nossos parceiros em todas as frentes de atendimento, seja pelo SUS ou Particular”, disse o presidente.

CONTRATAÇÃO 

A direção da Santa Casa resolveu investir em mudança de mentalidade e comportamento. Um controller foi admitido para ajudar na missão. Trata-se de profissional responsável pelo planejamento, organização e desenvolvimento de estratégias econômicas e financeiras, elaboradas a partir da análise das informações contábeis. O papel do controller também é verificar os indicadores de desempenho da entidade, com olhar atento para reduzir perdas. “As decisões não serão de gabinete e sim envolvendo as pessoas”. Silveira e César Paim querem uma melhor relação com pacientes, colaboradores, fornecedores e com a comunidade. Eles reconheceram que na Santa Casa havia muita falta de informação. Pretendem realizar reuniões mensais de avaliação com a participação das lideranças setoriais do hospital. A cada três meses será produzido um sistema de informações gerenciais e operacionais para também ser divulgado à comunidade. Dados como produção, receita, custos, melhoria e outros aspectos constarão no e-book, considerando a tecnologia de informação uma importante aliada na administração e transparência das operações.

(Foto: Site ECR)