O paratleta e ultramaratonista cego Vladmi Virgilio dos Santos, um dos maiores divulgadores da cidade de Rio Grande no País e fora dele, tem a empatia como uma das suas marcas, o que além de seu talento e capacidade de superação fez do atleta uma referência, conquistando respeito geral. Com ações voluntárias, socorre quem necessita, destinando a entidades assistenciais o que consegue arrecadar da comunidade. A vida sempre impôs desafios a ele no esporte e em sua vida pessoal, principalmente após perder a visão, em 2004, aos 34 anos, com o surgimento de uma doença irreversível. O problema aumentou sua motivação para não desistir de seguir em frente. Em 2010 foi vítima de um atropelamento, quando caiu e bateu com a cabeça. A partir daí o problema, lentamente, foi sofrendo agravamento até ser diagnosticado com Síndrome de Ménière.  

O otorrinolaringologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Felippe Felix, explica que o nome mais correto para a condição é Doença de Ménière, caracterizada pelo aumento da pressão dos líquidos do labirinto — região interna da orelha responsável tanto pela parte de equilíbrio quanto de audição. O ideal é que seja realizado o quanto antes o tratamento adequado, após exames acurados, pois se trata de doença crônica e progressiva. A pessoa passa a ter mais crises de tontura e a audição vai se deteriorando. Por isso é importante ter um controle da doença. Agora, o paratleta rio-grandino está necessitando da ajuda da comunidade 

Após deterioração da audição no ouvido esquerdo, o problema avança no outro ouvido. Como Vladmi é cego, ele se orienta a partir da audição e sua vida pode ficar severamente comprometida caso não seja submetido ao tratamento mais avançado, fora de Rio Grande. Ele está indo a São Paulo em busca de ajuda médica especializada, mas as despesas Vladmi não tem como custear. Amigos se mobilizam nas redes sociais e com o apoio de organismos públicos e privados, tudo como forma de viabilizar o acesso ao tratamento capaz de evitar que o pior aconteça. Ele admite que começa a confundir os sons, prenúncio do pior, pois passaria a um estado de desorientação, já que se guia pelos sons. Atravessar uma rua passaria a ser problema, não definindo com precisão de onde vêm os sons.  

Um evento foi organizado para ajudar Vladmi, o Desafio do Bem, programado para o dia 6 de março. Artistas irão se reunir para o evento “12 Horas de Música ao Vivo”, no Rio Grande Praça Shopping. Durante a atividade serão arrecadadas doações via pix para ajudar no custeio do tratamento de audição do rio-grandino. O 3º Desafio do Bem será desenvolvido pela Prefeitura, Rio Grande Praça Shopping, Sesc, Senac e outros parceiros. Mesmo quem não comparecer ao evento poderá aproveitar a música e fazer doações, pois as apresentações serão transmitidas ao vivo pelo canal do shopping no YouTube. O QR Code do pix estará disponível na tela. Quem quiser antecipar suas doações já pode fazer a transferência da quantia diretamente para a conta do ultramaratonista (a chave é o CPF nº 571.527.720-53).

Dentre tantos feitos extraordinários, o rio-grandino Vladmi tem várias corridas em desertos, como o de Atacama (2013, 2014 e 2017), o do Saara (2014) e no deserto de Gobi, na China, em 2015. Detém um recorde mundial, sendo o corredor cego sem guia com maior percurso autônomo no mundo: 69 km em 9 horas e 15 minutos.

Vladmi

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(Foto: Thiago Diz)