Site Edson Costa Repórter conversou com Ingrid Kieling Faria Brito, 27 anos, ativista da causa animal que decidiu morar, trabalhar e estudar na Austrália. Ela deixou Rio Grande em maio de 2018 e mesmo nutrindo amor pela cidade, não via possibilidade de realizar seus sonhos onde nasceu. Antes, formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Católica de Pelotas. Escolheu Gold Coast, Estado de Queensland, região metropolitana ao sul de Brisbane, na costa leste da Austrália, lugar mais facilitado para realizar o curso de inglês e aprofundar os estudos em arquitetura. Filha de psicóloga e engenheiro, ela faz questão de relatar as dificuldades que enfrentou ao chegar à Austrália, tendo que trabalhar como garçonete.

Dona de uma beleza e sorriso exuberantes, Ingrid é simples e chamou a atenção por lá. Em seguida continuou trabalhando duro numa cafeteria para só depois atuar como recepcionista de eventos e em agências de promoção de produtos de beleza. Ela divulga roupas e produtos diversos, mas uma coisa deixa bem claro: “só promovo aquilo que aprovo e acredito”. Influenciadora digital, tem milhares de seguidores no Instagram e outras plataformas, a maioria formada por brasileiros. Faz musculação em academia com o dinheiro que ganha, que não é muito, mas consegue prover o sustento morando em um pequeno apartamento. Evita comer carne vermelha e cuida da saúde. Sonha em trabalhar como arquiteta de interiores, sua preferência na área que abraçou.

Ingrid

Ingrid Brito cuida da saúde


CONCILIANDO AS COISAS

Ingrid Brito está satisfeita na Austrália e não pretende voltar a morar em Rio Grande. Em curto período de férias, preferiu passar com a família. Na Austrália só tem amigos e colegas de trabalho e estudo. Muitos brasileiros vivem na região de Gold Coast e já encontrou outras duas rio-grandinas por lá. “Estou feliz, acordo muito cedo e me agrada demais ter a chance de conciliar trabalho e estudo”. Ingrid fala ainda com alegria sobre a educação no país onde vive. “O ensino na Austrália é de grande qualidade e estou aprendendo muitas lições de vida com o esforço diário realizado”. Ela faz os deslocamentos para trabalhar e estudar usando trem de passageiros. “Consegui comprar, com dólar australiano, um carro popular de segunda mão (risos), mas uso só de vez em quando”, relata a rio-grandina que resolveu tentar a vida num país onde turismo, finanças, educação e tecnologia são os principais componentes da economia. A taxa de desemprego na Austrália está na casa de 5% e o país tem uma economia que cresce de forma consistente. O Brasil está entre os três países com maior número de estudantes enviados à Austrália. A política do país facilita a ida do imigrante para trabalhar, mas o intercâmbio é o principal atrativo.

Estudantes

Estudantes brasileiros e de outros países mantêm forte entrosamento


OS INCÊNDIOS

Incêndios

Milhares de pessoas trabalham no combate à tragédia ambiental

Desalento e tristeza brotam do semblante de Ingrid quando fala sobre um dos piores incêndios florestais dos últimos tempos. Desde setembro do ano passado, quando surgiram os primeiros focos, já morreram quase trinta pessoas e foram destruídas centenas de casas. Mais de oito milhões de hectares pelo país foram atingidos, uma área do tamanho da Áustria. Pesquisadores da Universidade de Sidney estimam a morte de um bilhão de animais nos incêndios em todo o território, dado que choca Ingrid Brito. Ao compartilhar um vídeo numa de suas redes sociais registrando o momento em que uma moradora resgatou um ‘coala’ em meio ao incêndio em Nova Gales do Sul, Ingrid escreveu: “só orando por eles agora”.


APAIXONADA POR ANIMAIS

Ingrid

Na Austrália, a população acolhe os animais e as leis são rigorosas para evitar a crueldade

Ingrid Brito diz que se sente totalmente segura morando na Austrália. Há forte videomonitoramento, mas as pessoas andam sem qualquer temor nas ruas, pois há muita segurança. Pelo segundo ano consecutivo, a Austrália foi considerada o país mais seguro para mulheres em todo mundo, conforme apontou em 2019 relatório do New World Wealth, um grupo global de pesquisa sediado em Joanesburgo. Na pesquisa, o instituto considerou crimes como estupro, escravidão, tráfico de mulheres e todas as formas de abuso. O modelo de saúde australiano é considerado um dos melhores do mundo. Ela fica triste com os problemas de Rio Grande, como a crise enfrentada pelo Hospital Santa Casa. Embora fale sobre temas mais áridos, Ingrid fica inteiramente à vontade quando o assunto é a sua paixão pelos animais. Ela é ativista da causa e conta a emoção vivida quando teve contato pela primeira vez, com os cangurus. Contudo, ela adora os cães. Na Austrália não há cães vivendo nas ruas, diz a ativista com alegria. A proibição da reprodução de cachorros e gatos para fins comerciais está se espalhando por todo o país. As leis são rígidas quando o assunto é proteção aos animais. O nível de tolerância com a crueldade animal por lá é zero. Há lugares onde a falta de passeio diário com o cachorro pode resultar em pesada multa ao tutor do animal. Em Canberra, por exemplo, quem for denunciado por deixar de dar um passeio com o seu cachorro terá de desembolsar (em dólares australianos) o equivalente no Brasil a R$ 11 mil.

Temas como aquecimento global e as queimadas entristecem a rio-grandina Ingrid, que tem apurado senso preservacionista. Ela defende o consumo consciente. Como militante da causa, separa seu lixo, estimula através de suas redes sociais valores e práticas de preservação do meio ambiente e transmite, como formadora de opinião no seu universo de seguidores, as melhores formas de consumo consciente. “Precisamos buscar o equilíbrio entre a nossa satisfação pessoal e a sustentabilidade”. Ingrid Brito retorna no próximo dia 18 à Austrália após aproveitar as férias com a família em sua cidade natal.

Ingrid

Após aproveitar a Praia do Cassino, a arquiteta voltará a apreciar o majestoso Brisbane River, na Austrália


(Fotos: Divulgação)