O Site Edson Costa Repórter continua a Série Irresponsabilidade com a Vida, com informações contidas em relatório técnico do governo federal sobre a queda de um elevador de carga no Hospital Santa Casa de Rio Grande, que atingiu uma técnica de Enfermagem, em novembro do ano passado. A mesma documentação aponta textualmente a existência de “desleixo da direção da Santa Casa de Rio Grande com a segurança de funcionários”.
O extenso relatório cita que os sensores colocados no elevador que despencou “são de baixíssimo custo, baixo padrão de segurança, além de inadequados para uso em elevadores”. Segundo o relatório, o sensor do elevador que caiu “sequer estava em funcionamento no momento do acidente”. Isto foi, segundo a análise técnica, decisivo para a causa do acidente. O que a Santa Casa permitia, contraria as noções mais elementares de segurança, menciona o Relatório de Análise de Acidente de Trabalho, feito pela Subsecretaria de Inspeção do Trabalho do governo federal.
Os cabos dos elevadores eram precariamente amarrados, com uso de clips em posição não uniforme e em manifesta dissonância com regras de amarração de cabos de aço exigidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), “o que também reduz a capacidade nominal de carga do elevador, seja esta qual for”. A fiação elétrica dos sensores tinha emendas com partes vivas expostas, configurando riscos. Também ficou constatada a má qualidade dos cabos do elevador que caiu, embora esteja praticamente descartado que esta tenha sido a causa da queda do equipamento que atingiu a trabalhadora de 39 anos.
A VÍTIMA
Também consta no relatório governamental declaração dada pela vítima. A técnica de Enfermagem disse que “ela e colegas, momentos antes do acidente, estavam sentindo cheiro a queimado vindo do elevador, sugerindo que pudesse ter defeito elétrico não consertado”. Acusa o documento que laudos técnicos produzidos pela Santa Casa após o acidente “demonstraram múltiplas desconformidades”. Os elevadores não possuíam responsável técnico pelo projeto, instalação e manutenção, funcionando de forma precária e visivelmente irregular. “Não havia qualquer registro de manutenção e muito menos qualquer sinal de manutenção séria realizada por profissional qualificado”, aponta o relatório.
Os técnicos do governo encontraram um estranho adesivo no elevador, o que está sendo analisado. “O adesivo, de aparência recente, traz fortíssimo indício de fraude”, aponta o documento chancelado por auditoria fiscal do Trabalho. O relatório tem imagens detalhadas do equipamento que despencou.
A autoridade do governo recebeu relatórios técnicos da direção da Santa Casa, mas não manifestou confiança nas informações. “Trata-se de empregador que atua na área da saúde, em atendimento geral ao público por meio do uso de verbas públicas do Sistema Único da Saúde”, adicionou. Segundo o relatório, “a Santa Casa apresenta problemas conhecidos de má gestão, com histórico recente de realização de intervenção pública e acúmulo de dívidas, inclusive trabalhistas”.
Amanhã, encaminhando o desfecho da Série Irresponsabilidade com a Vida, a reportagem vai incursionar pelo caminho de um estranho conflito de interesses dentro da Santa Casa, o que a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho resolveu alertar em suas constatações a partir de uma diligência fiscal. A cúpula da Santa Casa ainda não se manifestou sobre os problemas elencados no relatório da autoridade federal e divulgados pelo Site Edson Costa Repórter.
(Foto: Site Edson Costa Repórter)
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