A angústia de médicos, funcionários e credores da Associação de Caridade Santa Casa de Rio Grande tende a durar por mais um tempo, até o anúncio oficial do futuro da entidade que enfrenta a mais dura e longa crise de uma trajetória de 184 anos do complexo. Considerado um dos maiores do RS, o hospital tem sua situação agravada desde a intervenção da Prefeitura, iniciada em 1º de abril de 2015. De lá para cá, o complexo tem muitas de suas ações analisadas pelo Ministério Público- MP, onde tramitam vários procedimentos instaurados e pessoas sob investigação. Agora, a avaliação de quem irá assumir a gestão da Santa Casa- com uma dívida que chega a R$ 250 milhões, precisa passar pelo crivo do MP e a nova data final já está definida.

Com a apresentação da proposta de gestão na última sexta-feira (14) pela Ocean Saúde, de São Paulo, o promotor de Justiça resolveu fixar novo prazo para que a presidência da Santa Casa se manifeste. No Termo de Audiência nº 01514.00520/2019, o promotor de Justiça Érico Rezende Russo fez constar que “o presidente da Santa Casa foi notificado para que, até o dia 30 de junho, aponte a empresa escolhida”. O bispo emérito Dom José Mário Stroeher, presidente do hospital, não se pronunciou sobre o assunto, embora várias reuniões fechadas nos últimos dias tenham discutido sobre o futuro da entidade. Além da comunidade, o silêncio da diretoria preocupa quem depende da entidade, principalmente funcionários e médicos, que não sabem sobre o teor das tratativas.

JOGO DURO

Algumas empresas já formalizaram propostas, o que não será decidido sem a observância de vários pressupostos elencados através do próprio Ministério Público, para a garantia da normalidade das ações. O MP já deixou claro que não quer a continuidade dos problemas de gestão verificados nos últimos tempos no hospital. Outra manifestação de interesse que chegou à cúpula da Santa Casa e ao MP foi do Instituto Brasileiro de Saúde, Ensino, Pesquisa e Extensão para o Desenvolvimento Humano (IBSaúde), com base operativa em Porto Alegre. Trata-se de uma organização social de direito privado, presidida pelo odontólogo José Eri Osório de Medeiros.

O teor da proposta foi recebido ontem pelo administrador da Santa Casa, Régis Pinto e Silva e também protocolado pelo instituto junto ao Ministério Público. Dias atrás, em correspondência encaminhada à presidência da Santa Casa, o promotor Érico Russo colocou que “ao MP não importa qual seja a entidade, desde que idônea e com expertise na área”. Russo frisou que a população precisa de um serviço de saúde digno, de qualidade e eficaz. “Permanecendo o estado de inércia da presidência, serão tomadas medidas drásticas, como o pedido judicial de intervenção”.