Um ‘rancho’ de acusações contra o vereador e ex-presidente da Câmara Municipal, Flávio Veleda Maciel (Solidariedade), transformou o plenário no palco de um dos mais ácidos episódios da história do legislativo mais antigo do estado gaúcho. Foi na sessão ordinária desta segunda-feira (08), após ser informado o ingresso no protocolo de um pedido de abertura de investigação da conduta de Flávio Maciel, formalizado por um servidor da própria câmara, concursado e formado em Direito.

O auxiliar de secretaria Fernando Vaz Corrêa, protocolou o requerimento n°4140, de extenso teor, contendo o pedido de cassação do mandato do vereador por quebra de decoro parlamentar. É a primeira vez que um integrante do legislativo sofre, ao mesmo tempo, tantas acusações, dentre elas práticas de nepotismo (direto e cruzado), irregularidades em licitações da câmara, uso indevido da máquina pública para fins particulares e concussão. O vereador, também chamado de Flávio “Vigilante”, está sendo acusado da prática de assédio moral coletivo nitidamente configurado e cometimento do que o denunciante classificou em sua petição como “um ano inteiro de perseguições”, referência a 2018, quando Maciel presidiu o legislativo.

O servidor da câmara alega, por sua orientação sexual, ter sido alvo de discriminação por parte do vereador. “Remeto a presente denúncia à mesa e ao plenário, pois a população não só merece saber dos fatos, mas exige respostas e atitudes”. Maciel alega que “as imputações são falsas, frutos de perseguição política”. O parlamentar disse da tribuna, em declaração de liderança do seu partido, que tem inúmeros amigos homossexuais e que nunca foi homofóbico. O vereador tentou evitar que o requerimento fosse lido em plenário, alegando que o servidor não teria legitimidade para pedir a cassação de mandato. O Regimento Interno da câmara, segundo ele, determina que apenas partidos políticos com representação na casa podem propor cassação.

A presidência do legislativo, após dar conhecimento do assunto em plenário, remeteu o processo para avaliação da consultoria jurídica. A sessão foi suspensa algumas vezes para que os ânimos de acalmassem. Na assistência, populares gritavam palavras de ordem e acusações contra o vereador Flávio Maciel.