Foi necessária a mediação de dois sindicatos da área médica para colocar fim ao risco iminente de suspensão de cirurgias eletivas no Hospital Santa Casa de Rio Grande. Estavam ameaçados os procedimentos feitos de forma particular e através de convênios. Os médicos anestesistas não queriam continuar realizando os procedimentos em cirurgias de pacientes pelo Sistema Único de Saúde– SUS. A queixa é em função dos baixos valores que vinham sendo pagos. Os profissionais optavam pelo atendimento nas modalidades particular e convênios, que remuneram melhor, o que gerava protestos de pacientes do SUS e seus familiares.

ENTENDA MELHOR

A polêmica não é recente. Sob pressão, a direção do Hospital Santa Casa resolveu dar o ultimato aos médicos anestesistas, determinando que em 48 horas deveriam normalizar o atendimento dos pacientes, sob pena de suspensão de todas as cirurgias eletivas de particulares e de convênios. Um comunicado foi entregue aos anestesistas contendo a decisão. (Clique na imagem para ver em tamanho completo).

Documento anestesia

Nesta quinta-feira (17) Fernando Uberti Machado, diretor de Interior do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul– Simers, por telefone, deu entrevista ao Site Edson Costa Repórter detalhando o caso. “Entendemos que houve uma postura autoritária da direção da Santa Casa, pois o prazo de dois dias foi exíguo para a busca de uma solução”. Na sequência, Uberti Machado elogiou a iniciativa da direção do hospital que se dispôs a discutir o assunto numa reunião com os profissionais e representantes do Simers e do Sindicato Médico de Rio Grande– Simerg. Ele disse que, por hora, a situação está sob controle, pois foi fechado um acordo normalizando a escala de plantão dos anestesistas. Isto foi possível após a direção da Santa Casa garantir um aumento de 25% no valor/hora dos plantões dos anestesistas para atendimento pelo SUS. Com o acordo, válido por 60 dias, ficou garantido o uso regular do bloco cirúrgico do hospital para as cirurgias em pacientes do SUS.

Ficou acertada a atuação de um plantonista 24h para urgências, bem como dois médicos para plantão de 12h (das 9h às 19h, de segunda a sexta-feira) para realização de cirurgias eletivas, particulares e convênios. Uberti declarou hoje ao Site que nem todos os anestesistas aceitaram o acordo, mas com os que aderiram, ficou garantido o atendimento às escalas definidas, ensejando o atendimento normal de pacientes do SUS no bloco cirúrgico. Passados os 60 dias do acordo, nova negociação será realizada, para revisão de valores e escalas dos profissionais anestesistas da Santa Casa. Segundo o médico, o acordo atende às necessidades do momento dos pacientes que necessitam realizar cirurgias, assegurando também a autonomia dos médicos, com um pouco mais de dignidade salarial. Instado pelo Site, o presidente da Associação de Caridade Santa Casa de Rio Grande, bispo emérito católico Dom José Mário Stroeher, preferiu não emitir manifestação a respeito.

GRAVE

O diretor de Interior do Simers confirmou hoje na entrevista que, devido ao impasse, por um final de semana inteiro, a Santa Casa de Rio Grande ficou com o bloco cirúrgico fechado às cirurgias eletivas de particulares e de convênios. O diretor do Simers gravou um vídeo de 50 segundos resumindo o caso. Fernando Uberti Machado considerou o acordo como uma importante conquista (Clique no vídeo para assistir).