Falecido em trágico acidente na rodovia entre Pelotas e Rio Grande, um dos maiores artistas do RS e do país, terá seu nome eternizado através de ato governamental assinado hoje (31).

O cantor, compositor e ator José Mendes (foto) morreu aos 34 anos de idade, em 1974, no auge do sucesso, quando a camionete Veraneio em que viajava colidiu de frente com um ônibus da empresa Fonseca Júnior, na altura do Distrito de Povo Novo. José Mendes liderava a caravana artística que se apresentou em Pelotas e naquela noite, 15 de fevereiro, faria show em Santa Vitória do Palmar. Também morreram no acidente seu irmão Artur Mendes, o acordeonista José Pinto Primo da Silva (‘Zequinha Silva’) e José Norberto da Silva, este último de Pelotas. Os corpos ficaram presos nas ferragens do veículo. Vinte e quatro pessoas ficaram feridas e foram levadas para hospitais de Pelotas e de Rio Grande.

HOMENAGEM

Neste último dia de outubro, o governador gaúcho Eduardo Leite sancionou projeto de lei de autoria do deputado Paparico Bacchi (PL), dando a denominação de Rodovia José Mendes ao trecho da ERS-343, entre os municípios de Sananduva e Barracão. Ícone da música gaúcha, nascido em Lagoa Vermelha, o cantor iniciou sua carreira em 1960. Entre seus grandes sucessos, principalmente nas décadas de 60 e 70, estão ‘Não Aperta, Aparício’, ‘Pára, Pedro’, ‘Picaço Velho’, ‘Carancho’, ‘Churrasco’ e ‘As Coisas do Meu Rincão’. Passou muitas dificuldades para ingressar no mercado. Em São Paulo, chegou para tentar gravar seu primeiro disco e teve que dormir em bancos de rodoviárias, alimentando-se de pão e banana. Radialistas famosos ajudaram Mendes na missão. Após o sucesso do primeiro lançamento, a potente Gravadora Copacabana aceitou lançar o segundo disco do tradicionalista José Mendes, com a música “Pára, Pedro”, em compacto simples. O disco virou rapidamente um grande sucesso nacional e internacional, sendo regravado em diversos gêneros, por diferentes cantores na América Latina. O compacto vendeu mais de seiscentas mil cópias na época, algo considerado fantástico, tornando-se o disco mais vendido do ano. Além dos oito álbuns de sua discografia, todos com grande vendagem, José Mendes fez três filmes: Pára, PedroNão Aperta Aparício e A Morte Não Marca Tempo.

Em 1969, atuou no filme “Não aperta Aparício”, baseado na sua música homônima, que contou, entre outros, com as participações de Grande Otelo e José Lewgoy, um grande sucesso. Na mesma época, tornou-se, juntamente com o cantor Altemar Dutra, o artista brasileiro com disco mais tocado em Portugal. Foi convidado para desfilar na Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, no RJ, saindo como destaque ao lado de Martinho da Vila no enredo “Glórias Gaúchas”. Com a popularidade da música, a polícia carioca desencadeou a “Operação Pára, Pedro”, nos morros do Rio. O cantor Wilson Simonal, que gravou a música, chegou a comprar um carro Mustang, com os rendimentos obtidos na gravação. As músicas de José Mendes foram tocadas com grande sucesso durante muito tempo em Portugal, Áustria, Suécia, Suíça e Bélgica.

Em 2004, seus restos mortais foram transladados de Porto Alegre para o Memorial José Mendes, na capela Santa Terezinha, localizada entre os municípios de Esmeralda e Pinhal da Serra. Construído em forma de violão, o memorial (foto) atrai muitos visitantes ao lugar onde José Mendes viveu boa parte de sua vida, na região nordeste do RS. No local também estão roupas, discos, seu primeiro violão e outros objetos usados por ele na carreira artística. No Distrito de Povo Novo, em Rio Grande, os mais antigos lembram do acidente e lamentam a morte prematura de um dos maiores ícones da cultura gaúcha.

Memorial

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(Fotos: Divulgação/Sandra Silva)