Há 42 anos sou um colecionador bem sucedido. Como jornalista, coleciono processos judiciais, ataques e ameaças. Nos processos não tive uma condenação sequer. Já os ataques e ameaças sofridos constituem troféus que motivam a seguir em frente. A rigor, jornalista que não é atacado provavelmente esteja na estrada errada. Jornalismo vai além de uma honrosa profissão. Como sempre refiro, é uma missão. Hoje, 7 de Abril, é o Dia do Jornalista. Também hoje é o Dia Mundial da Saúde.
A humanidade nunca teve tanta necessidade de informação como de um ano para cá com a pandemia de Covid-19. O jornalismo, mais do que nunca, constitui artigo de primeira necessidade ao mundo afetado por uma crise de saúde pública. No cenário nacional, de maneira inacreditável os ataques a jornalistas foram ampliados, começando pelo presidente do Brasil, desconhecendo o papel fundamental da transmissão de informações, muito mais pela crise sanitária atravessada. Jornalistas que cobrem a pandemia estão na linha e frente e deveriam ser pelo menos respeitados. Entre abril de 2020 e março de 2021, chegou a 169 o número de jornalistas que morreram vitimados pela Covid-19 no Brasil. O dado é da Federação Nacional dos Jornalistas– Fenaj. Jornalista não só divulga mortes, mas também morre vitimado pelo mesmo vírus, num cenário onde o contágio avança, muito por conta da irresponsabilidade daqueles que insistem em atacar a ciência e a imprensa, deixando de providenciar vacinas e outras medidas que salvam vidas.
Os efeitos sociais da pandemia têm sido reportados por nós, jornalistas, o que por vezes nos torna alvos de ataques mais incisivos em meio a um movimento anticiência que lamentavelmente cresce. As pessoas têm direito garantido à informação. Aproveitando o Dia do Jornalista, a mensagem é direta. Precisamos de um ambiente seguro para o exercício profissional, mesmo em meio às incertezas e riscos decorrentes da pandemia. É questão de dignidade, da qual ninguém pode abrir mão do merecimento.
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