Uma entrevista exclusiva ao Site Edson Costa Repórter esclareceu detalhes da situação envolvendo o suposto fechamento do Hospital Psiquiátrico de Rio Grande pela direção do complexo Santa Casa. O presidente e o vice da associação mantenedora do Hospital Santa Casa, Renato Menezes da Silveira e Clóvis Klinger, respectivamente, e o novo superintendente César de Oliveira Paim, receberam a editoria do Site nesta quinta-feira (10) à tarde. O presidente Menezes da Silveira disse que o Hospital Psiquiátrico tem um déficit anual em torno de R$ 1 milhão, mas este número ainda passará por uma avaliação mais aprofundada para precisar o gasto. Nos últimos dias circulou em grupos fechados de aplicativos uma planilha, supostamente chancelada pela Santa Casa, apontando que o prejuízo do Psiquiátrico seria bem inferior aos números apresentados pela atual direção. O presidente desmentiu os dados da planilha, “que poderiam ter sido montados”. A planilha circulante contém a logomarca da Santa Casa.

FUNCIONÁRIOS 

Conforme a direção da Santa Casa, o Hospital Psiquiátrico tem capacidade instalada hoje para atender 30 pacientes e não 100 como vinha sendo apontado nos últimos tempos. O superintendente Paim confirmou que o atual complexo, na Avenida Portugal, vai continuar funcionando por aproximadamente seis meses atendendo pacientes da área da saúde mental, até a efetivação das mudanças definidas. Segundo Paim, existe uma política governamental de saúde mental do ano de 2001 preconizando que o tratamento desta área deve ser feito dentro de um hospital geral. “Não vamos fechar leitos nem diminuir atendimento”, enfatizou o superintendente. A decisão é de criar uma unidade de saúde mental no hospital geral, cercada de total segurança, nos moldes preconizados pelo governo. Renato da Silveira disse que os pacientes da área de saúde mental não irão ficar em enfermaria ou setores ocupados por pacientes de outras patologias. A direção sustenta que trinta leitos atendem à necessidade de cobertura assistencial de Rio Grande.

O superintendente fez questão de enfatizar que a legislação indica as características físicas para aprovar uma unidade do campo da saúde mental. Segundo ele, isto já está nas Resoluções de Diretoria Colegiada– RDCs, que atribuem responsabilidades a empresas e profissionais a fim de garantir as boas práticas, mantendo os padrões de qualidade dos produtos e serviços destinados à saúde da população.Ao citar que “há muito mito envolvendo este assunto”, o superintendente do complexo Santa Casa falou que o Psiquiátrico não estaria atualmente preparado, com os recursos que possui, para atender 100 pacientes eventualmente internados ao mesmo tempoA direção garantiu que não é intenção promover demissões quando o sistema efetivamente for passado do complexo da Avenida Portugal para funcionar com os 30 leitos no Hospital Geral da Santa Casa. “Os profissionais apenas serão realocados”.

INDEFINIÇÃO 

O presidente Renato da Silveira disse ao Site Edson Costa Repórter que a direção ainda não definiu o que será feito com o prédio onde funciona o Hospital Vicença Maria da Fontoura (foto). “Ainda não sabemos o que vamos fazer com aquele prédio”, asseverou. A intenção é, primeiramente, operar a mudança para o sistema de 30 leitos centralizados no Hospital Geral. “Depois, iremos discutir este assunto com os conselhos Consultivo e de Administração”, enfatizou. O superintendente aponta existir muito espaço ocioso no Psiquiátrico.

GERINT

Mesmo antes da transferência do atendimento dos pacientes de saúde mental para o novo local, as mudanças já estão sendo iniciadas. A partir de agora, começa a funcionar o Sistema de Gerenciamento de Internações– Gerint. Ele registra a solicitação, regulação e confirmação das internações hospitalares na rede pública. Como o modo também abrange a regulação das urgências e emergências, quem acionar, por exemplo, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência– Samu em consequência de surtos psiquiátricos receberá o atendimento de um médico especialista na área. Questionado pelo Site sobre eventuais transtornos para pacientes de Rio Grande que poderão ser levados para outras cidades do Estado em caso de inexistência de vagas aqui, o superintendente César Paim esclareceu que a Santa Casa é prestadora de serviços, ficando a responsabilidade por encaminhar e localizar as vagas com os gestores públicos de saúde. “Para isto o SUS tem comando único e hierarquizado”, disse Paim. O presidente Renato da Silveira, ao sintetizar a mudança em curso, disse que a 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, sediada em Pelotas, “preconiza que nós tenhamos efetivamente 30 leitos e que seja desta forma”. Por enquanto, mesmo com a entrada em vigor do serviço via Gerint, os pacientes continuarão sendo atendidos no complexo da Avenida Portugal.

(Foto: Site ECR)