Site Edson Costa Repórter segue em campo diante do mar de incertezas que cerca a questão da saúde mental em Rio Grande após o anúncio do encerramento das atividades do complexo Vicença Maria da Fontoura, do Bairro Cidade Nova. O Hospital Psiquiátrico, pertencente à Associação de Caridade Santa Casa, passa por inúmeros problemas com a falta de estrutura para o atendimento de elevada demanda emergencial. Há dias em que apenas um atendente da área de enfermagem fica responsável por um turno de trabalho, controlando todos os pacientes internados e as suas rotinas de tratamento. Na gestão do bispo Dom José Mário Stroeher como presidente da Santa Casa, já prosperava a ideia da transferência dos leitos de internação psiquiátrica para o Hospital Geral. A medida acabou não se consolidando, mas tomou vulto na atual gestão. A decisão foi oficialmente anunciada no ano passado pela atual presidência, liderada por Renato Menezes da Silveira e pelo superintendente César de Oliveira Paim. O bispo Dom José Mário continua na cúpula do hospital como um dos vice-presidentes, mas não atua ativamente no cotidiano da instituição.

A Santa Casa tenta navegar em um mar de problemas que só aumentam, principalmente na área financeira, mergulhada em uma dívida que hoje ultrapassa R$ 300 milhões. A direção afirma que o processo de reequilíbrio financeiro é demorado, mas algumas ações já estão em curso, como a transferência dos leitos de internação psiquiátrica para o Hospital Geral, no centro da cidade. 

ATRASO 

A decisão de encerrar as atividades no Hospital Psiquiátrico tradicional e abrir 30 leitos na Ala São Lucas I do Hospital Geral estava anunciada para ocorrer em fevereiro de 2022. O superintendente César Paim disse ao Site Edson Costa Repórter que a direção agora trabalha com o prazo remanejado para abril. Segundo ele, o sistema de saúde mental do município terá mais um serviço, o que ainda passa por tratativas com o governo municipal. O formato e abrangência do novo serviço será no prédio principal onde ainda funciona o Psiquiátrico, isto após a transferência dos pacientes para o novo local. O superintendente confirmou apenas que ficará mantido o chamado Hospital Dia, que hoje possui em média 30 pacientes, todos com acompanhamento na parte do dia, sem pernoite nem status de internação ou uso de leitos. Garantiu que o Hospital Dia não terá seu tamanho nem estrutura reduzidos. A direção garante também que os funcionários do Hospital Psiquiátrico não serão demitidos. Todos irão trabalhar na nova estrutura que será ativada após o encerramento dos serviços no complexo situado na Avenida Portugal. César Paim reconhece que o Hospital Psiquiátrico enfrenta carências, mas “a criação dos 30 leitos numa estrutura mais robusta será melhor para todos, com outro suporte a ser oferecido”, finalizou. 

(Foto: Site ECR)