Hoje é o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. É o que mais tenho defendido ao longo dos 40 anos de atuação profissional, fazendo circular livremente as informações, um pressuposto da democracia. A opção que fiz pelo jornalismo mais arrojado, de caráter investigativo, desagrada alguns. Muitos, quem sabe. É justamente o que faz meu sono ser profundo e reparador, ou seja, a confirmação de estar no caminho certo ao divulgar informações e entrevistas que ‘chocam’ os desregrados, dissimulados e bandidos de culpa (escondida) no cartório. Nunca tenho pessoas como alvos e sim os fatos que precisam chegar à sociedade, mas doa a quem doer.

Sempre soube, ao optar pelo jornalismo sem bajulação, que isto implicaria em pressões e ataques que visam intimidar. Contudo, sempre estive disposto a pagar o preço elevado, vivendo constantemente sob assédio e ameaças, algumas veladas, outras nem tanto. Coberturas jornalísticas que contrariam interesses de poderosos ajudam a desvendar falcatruas e casos de corrupção, embora os riscos decorrentes. Particularmente, não tenho preocupação em ser amado ou odiado, querendo apenas ser respeitado, até pelos que têm seus interesses contrariados. O poder e os poderosos– ou aqueles que se acham poderosos, precisam ser desafiados com a força da verdade, ainda que muitos advoguem as suas verdades ao sabor de interesses pessoais ou de seus grupos.

Liberdade de imprensa é fundamental no combate à desinformação e para fomentar a fiscalização pela sociedade de todos os agentes, principalmente da esfera pública. A data que se comemora hoje remete cada profissional a refletir sobre vários fatores, iniciando pela necessidade urgente de aprovação do projeto que federaliza a investigação de crimes contra jornalistas. Na mesma linha de pensamento está a instituição de um protocolo nacional de segurança aos jornalistas.

O Brasil caiu três colocações no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa divulgado pela organização Repórteres Sem Fronteiras, em relação ao levantamento do ano passado. Dentre os 180 países pesquisados, estamos agora na desconfortável posição 105. Intimidação, ameaça, assédio e todas as formas de agressão contra um jornalista é também uma violência contra o direito de cada cidadão de saber a verdade.